O MACHISMO ESTRUTURAL E O ADOECIMENTO PSICOLÓGICO DAS MULHERES: DEMANDA PERCEBIDA NA ATENÇÃO BÁSICA EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR BAIANO
DOI:
https://doi.org/10.51161/rems/3067Palavras-chave:
MACHISMO, SAÚDE MENTAL, VIOLÊNCIAResumo
Introdução: O machismo estrutural sustenta o imaginário social de dominação patriarcal e contribui para manter a mulher no lugar de submissão e exposição à violência. Para além da violência física que vitima um número alarmante de mulheres no Brasil e no mundo, as relações de gênero pautadas no machismo estrutural desencadeia uma infinidade de situações cotidianas que geram humilhação, silenciamento, sobrecarga e contribuem sobremaneira para o desenvolvimento ou potencialização dos sintomas de transtornos mentais como depressão e transtornos de ansiedade. Objetivo: Este trabalho foi elaborado com o intuito de apresentar a relação entre vivências de situações relacionadas com o machismo estrutural e o surgimento ou potencialização de sintomas característicos de transtornos de ansiedade e depressão, dentro outros, a partir da demanda recebida pela psicóloga do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Material e Métodos: Foram analisados prontuários de pacientes mulheres atendidas individualmente pela psicóloga do NASF-AB de janeiro a junho de 2021, levando em consideração o motivo da consulta ou queixa inicial, mas também as queixas apresentadas ao decorrer das sessões para as pacientes que permaneceram em cuidado continuado no período considerado. Resultados: Analisando as queixas de pacientes mulheres entre 14 a 65 anos percebeu-se que seus incômodos e sintomatologia estão ligadas a questões que perpassam desde a não divisão de tarefas domésticas e cuidado aos filhos à abusos e violência física. De 50 casos analisados, 30 apresentaram queixas relacionadas ao machismo, sendo 15 relativas a situações de violência como tentativa de feminicídio, violência doméstica e abuso sexual. Conclusão: Para o enfrentamento desse problema é preciso ampla mobilização. Para além da oferta do apoio psicológico individualizado é preciso ações de abrangência coletiva, no intuito de contribuir para a conscientização e mudança do paradigma estigmatizante e cruel em torno do papel da mulher na sociedade que a sujeita a situações de exclusão e violência, causando intenso sofrimento e adoecimento mental.
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