ASPECTOS MICROSCÓPICOS DE DANOS À VALVA MITRAL DE INDIVÍDUOS COM CARDIOPATIA REUMÁTICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
DOI:
https://doi.org/10.51161/rems/3205Palavras-chave:
CARDIOPATIA REUMÁTICA, FUNÇÃO VENTRICULAR, INFLAMAÇÃO, VALVA MITRALResumo
Introdução: A doença cardíaca reumática é uma sequela advinda após a infecção da febre reumática aguda, ocorrendo um mecanismo imune a uma faringite estreptocócica que resulta num dano da valva mitral, tornando-a, com a evolução patológica, disfuncional. Isso afeta 33 milhões de pessoas atualmente, sendo a maioria de baixa e média renda. Entre crianças e jovens, configura-se como a principal causa de morte cardiovascular. Presume-se que, para haver uma continuidade na remodelação do folheto fibrótico e a consequente disfunção irreversível da valva mitral, são necessários processo inflamatório ativo e ativação endotelial. Objetivo: O objetivo do estudo consiste em comparar as alterações histopatológicas para compor um padrão entre os achados, o estágio final da DCR e a lesão da valva acometida. Material e métodos: Como método, houve coleta de 60 valvas mitrais, sendo 40 de pacientes com DCR e 20 do grupo controle. Avaliaram o ecocardiograma conforme índices convencionais para avaliação da gravidade da estenose mitral. Na análise histológica, avaliaram intensidade de inflamação e da fibrose e outros parâmetros. As avaliações estatísticas foram comparadas conforme o teste qui-quadrado. Resultados: Como resultado, observou-se que o endocárdio com valvas mitrais reumáticas era mais espesso e com fibrose e infiltrado inflamatório mais intensos se comparados com os controles. A maioria das valvas reumáticas possuía inflamação leve, distribuição focal e predomínio de células mononucleares e fibrose de intensidade moderada a grave. Nenhuma das valvas do grupo controle apresentou calcificação, embora 35% das valvas reumáticas tenham apresentado. Dessa porcentagem, a calcificação se mostrou mais frequente na estenose mitral pura comparada com regurgitação mitral ou lesões mistas. No comparativo entre parâmetros ecocardiográficos e achados histológicos, notou-se associação entre função sistólica ventricular esquerda e intensidade da inflamação. Essa análise também auxiliou na constatação de que pacientes com disfunção ventricular direita possuíam calcificação maior que indivíduos com função ventricular direita normal. Portanto, mesmo havendo intenso grau de fibrose, a inflamação continua ativa nas valvas mitrais reumáticas. Conclusão: Ressalta-se que a calcificação valvar teve maior frequência na estenose mitral e nas pessoas com disfunção ventricular direita e que o maior grau de processo inflamatório se mostrou vinculado à função ventricular esquerda, podendo indicar miocardite adjacente.
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