A PSICOPATOLOGIZAÇÃO DA VIDA
DOI:
https://doi.org/10.51161/rems/2843Palavras-chave:
PATOLOGIZAÇÃO, PSICOPATOLOGIZAÇÃO, MEDICALIZAÇÃO, SAÚDE MENTALResumo
Introdução: Há um reducionismo biológico do sofrimento psíquico, herança da estereotipia psiquiátrica, a qual pressiona a acomodar as manifestações de mal-estar e comportamentos ditos inadequados em sinais e sintomas de alguma psicopatologia, utilizando-se, com critérios questionáveis, de fármacos como tratamento em busca de adequar o sujeito aos padrões delineados por uma sociedade que prima pelo imediatismo da resolução dos problemas da vida desconsiderando as possíveis consequências negativas. Objetivo: Contextualizar a psicopatologização, apresentando aspectos que configuram o cenário contemporâneo da saúde mental e medicalização da vida. Metodologia: Pesquisa exploratória evocando conceitos sobre a psicopatologização da vida e sua caracterização. Considerou-se, então, informações da literatura cientifica a partir da compilação de trabalhos publicados em revistas, livros e pesquisas institucionais. Resultados: Ao longo do estudo evidenciou que comportamentos e patologias estão sendo considerados sinônimos. A família exerce fundamental papel na mediação sujeito-ambiente. Ao invés de prover adequação dos comportamentos aos seus desejos, tornou-se mais fácil tornar os sujeitos dóceis com a psicopatologização e consequente medicalização. É uma tentativa de acabar com o sofrimento de quem, dos pais ou dos filhos? Desde a primeira versão da série DSM em 1952, ficou mais simples enquadrar comportamentos. Engatou-se no processo de investimento na psiquiatria e na indústria farmacêutica, mostrando-se clara a oportunidade enriquecimento às custas do novo modelo de ajustamento de comportamento. Sujeitos diferenciados das normas são classificados como portadores de distúrbios, fazendo-os parte de um novo grupo, controlado por psicotrópicos, para fins de contenção e adaptação social. Sem qualquer questionamento, esta forma de abordagem vem se naturalizando e se fundamentando, mais especificamente através das ciências neurológicas. Conclusão: Infere-se que a ampliação do número de categorias diagnósticas incluídas nos principais sistemas classificatórios (DSM e CID-10) tem trazido problematizações entre as fronteiras do normal e do patológico. Não se rejeita o uso de psicofármacos, pois comprova-se positivos determinados efeitos. A crítica à medicalização da vida não nega os avanços das pesquisas biológicas e dos tratamentos de doenças, mas procura refletir sobre as implicações que a biologização do ser humano pode ter para a própria condição humana.
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