RESPOSTA DE TÁXONS COMUNS E RAROS A ATIVIDADES DE POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM RIACHOS AMAZÔNICOS
Palavras-chave:
ribeirinhos, integridade ambiental, insetos aquáticos, raridadeResumo
As populações ribeirinhas da Bacia Amazônica têm sua subsistência provida pela exploração de recursos naturais, utilizando técnicas tradicionais, transmitidas oralmente ao longo das gerações. As atividades desenvolvidas por tais populações, embora em pequena escala, têm efeitos sobre a integridade dos ecossistemas aquáticos e sua biodiversidade. A abundância de macroinvertebrados aquáticos tende a declinar, de acordo com sua capacidade de tolerância das espécies às modificações nas condições ambientais. Em geral, os táxons raros tendem a ser mais suscetíveis a alterações ambientais, uma vez que eles tendem a ser mais sensíveis. Nosso objetivo foi avaliar os efeitos de atividades de ribeirinhos sobre a riqueza e abundância de insetos aquáticos das ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) em riachos amazônicos, considerando os táxons raros e comuns. O estudo foi conduzido em 25 riachos, dos quais 15 eram de referência, ausentes de interferências antrópicas, e 10 eram alterados por atividades de populações ribeirinhas. Coletamos os insetos aquáticos em 20 segmentos equidistantes ao logo de cada riacho. Como critério para definir o status de raridade utilizamos a abundância dos táxons, estabelecendo um valor de corte de cinco indivíduos para separar entre raros e comuns. Realizamos testes t para amostras independentes para comparar os tratamentos. Identificamos 1.872 imaturos de EPT, distribuídos em 12 famílias e 26 gêneros, sendo que 11 gêneros foram considerados raros (abundância total ≤ 5) e 15 gêneros foram considerados comuns (abundância total > 5). A riqueza taxonômica total de EPT não foi influenciada pelas alterações antrópicas, mas a abundância total de indivíduos sim (t = -2,930, gl = 23, p = 0,008). Também não observamos diferença na riqueza taxonômica (t = -0,070, gl = 23, p = 0,944) e na abundância de indivíduos raros (t = -0,057, gl = 23, p = 0,568) entre riachos de referência e alterados. Por outro lado, a abundância de indivíduos de gêneros comuns diferiu entre os tratamentos (t = -2,879, gl = 23, p = 0,009), sendo que riachos alterados tiveram em média 113 espécimes a mais que riachos de referência. A riqueza de gêneros comuns não foi influenciada pelas alterações antrópicas (t = -1,471, gl = 23, p = 0,154). Concluímos que as práticas de agricultura de subsistência afetam as assembleias de macroinvertebrados aquáticos, podendo levar ao declínio da diversidade. A maior abundância de gêneros comuns em ambientes alterados pode estar relacionada à maior tolerância dos mesmos a alterações antrópicas.
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