QUAIS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESTÃO PRESENTES NOS GRANDES EMPREENDIMENTOS ENERGÉTICOS NO BRASIL?

Resumo

A Educação Ambiental (EA), se faz necessária para entendermos nosso mundo e inúmeras relações que nele existem. Entretanto, são diversas as concepções de EA, que determinam diferentes ações a serem desenvolvidas, tanto no campo formal quanto não formal. Dentre elas, podemos encontrar a concepção conservadora que dissocia ser humano e natureza e que desconsidera a dimensão social como possibilidade de explicar e resolver as problemáticas ambientais e a concepção crítica, embasada em uma práxis educativa e social que busca sensibilizar para o desenvolvimento de uma consciência sistêmica que leve em conta meio ambiente-justiça social-relações de consumo. Nessa ótica, busca-se nesta pesquisa em desenvolvimento, realizar uma revisão nos Programas de Educação Ambiental (PEAs) condicionantes necessários no processo de licenciamento ambiental federal de Usinas Hidrelétricas (UHEs), com o objetivo de compreender as estratégias de EA presentes na elaboração e desenvolvimento desses programas frente aos grupos sociais afetados pela implementação e operação desses empreendimentos. A análise dos PEAs foi realizada através da Análise Textual Discursiva (ATD) constituída pela unitarização, categorização e produção de metatextos. Após as análises, tivemos três categorias finais emergentes, EA na perspectiva transformadora, EA pautada em ações pontuais e EA na perspectiva limitada. Essas categorias nos mostram os desafios e possibilidades presentes no campo da EA. Porém, duas categorias nos remetem uma EA conservadora, pautada em ações pontuais, o fazer “tarefeiro” e que não consideram as dimensões social, econômica e política como influenciadoras direta ou indiretamente das questões ambientais. A outra categoria, se orienta na pedagogia crítica e nos movimentos populares surgidos nos anos 90. Essa categoria nos remete à uma visão integrada e articulada de mundo, que questiona o atual modelo de sociedade que vivemos (influenciada pela lógica do capitalismo) e nos leva a refletir sobre nossa forma de nos relacionarmos com o outro, com o ambiente e com os demais seres vivos. Sendo assim, as categorias finais nos mostram que a EA vem sofrendo ressignificações em sua definição e na forma de desenvolvimento de suas ações. Com relação aos PEAs, ainda precisamos avançar no seu desenvolvimento, principalmente considerando as realidades locais e o diálogo com as comunidades afetadas, proporcionando troca de ideias e construção de conhecimento. Salientamos, que a EA crítica presente em alguns PEAs promove o exercício ativo da cidadania dos grupos sociais frente a realidade local, sustentabilidade (local e global) e promove uma relação de respeito entre nós e a natureza e entre nós mesmos.