O lado colorido da contaminação: as cores das partículas plásticas em peixes de riachos amazônicos

Autores

  • Giovanna Ferreira
  • David Sousa
  • Vanessa Serrão Ribeiro
  • Ana Beatriz Picanço
  • Danielle Ribeiro-Brasil
  • Luciano Fogaça de Assis Montag

Palavras-chave:

plásticos, cor, contaminação, ictiofauna, áreas urbanas

Resumo

Introdução: Nos últimos anos o registro da poluição dos ambientes aquáticos por resíduos plásticos cresceu significativamente. Está documentada a contaminação por partículas plásticas em rios e estuários amazônicos, fato que representa uma ameaça a ictiofauna, pois, esses resíduos são facilmente confundidos com itens alimentares devido sua cor e tamanho, além da alta capacidade de adesão a brânquias. Objetivo: Avaliar as diferentes cores de resíduos plásticos capturados por peixes de riachos na Amazônia, Pará, Brasil. Material e métodos: Os espécimes foram coletados nas microbacias Acará-Capim e Guamá. Houve retirada de brânquias e trato digestivo dos peixes, os quais foram digeridos com peróxido de hidrogênio (H2O2). Realizou-se a visualização das partículas plásticas, observando suas cores, por meio de microscópio estereoscópio. As análises obedeceram a critérios de qualidade (assegura que os itens visualizados são plásticos e não há contaminação de outro ambiente). Resultados: Analisou-se onze espécies de peixes de riachos. Hemigrammus H. ocelliter e Hipopomidae microsternachus foram as espécies com maior quantidade de partículas. Os resultados mostraram frequência de cores em tons amarelo, azul, verde, vermelho, lilás, preto, transparente e marrom. Na espécie Brachyhypopomus sp. e Poecilidae sp. houve maior frequência de partículas lilás (29,63% e 42,11%), em Bryconops melanurus azul (50%) e transparente (50%), em Gymnotus sp. e Laimosemion cf. strigatus houve prevalência da cor preta (75% e 40%), em Hypopygus lepturus encontramos a mesma frequência de azul, lilás e preto (33,33%) e partículas de cor azul foram mais frequentes nas espécies Characidium sp. (62,07%), Hemigrammus ocelliter (70,13%), Hipopomidae microsternachus (44,64%), Hyphessobrycon heterorhabdus (55,56%) e Ituglanis amazonicus (36,36%). Não foi possível visualizar a diferença de cor para cada espécie. Os peixes podem ingerir itens plásticos de cores semelhantes aos alimentos consumidos, outros são generalistas e consumem uma gama de itens, incluindo plásticos de diversas cores. O processo de lavagem de roupas é uma possível fonte de liberação de partículas, roupas jeans podem liberar partículas azuis e pretas, o que é potencializado pela aproximação das microbacias às áreas urbanas. Soma-se a isso o hábito das espécies de viverem próximo a banco de folhas, galhos e troncos, pois, estes microhabitats retêm em sua superfície partículas em suspensão, facilitando o contato dos animais a esse contaminante. Conclusão: Esse estudo evidenciou contaminação da ictiofauna por resíduos plásticos, apontando maior quantidade de resíduos plásticos nas cores azul, lilás, preto e transparente. Possivelmente estas cores estão relacionadas às atividades domésticas dos centros urbanos nas proximidades das áreas amostradas.

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Publicado

2020-12-01

Como Citar

Ferreira, G., Sousa, D., Ribeiro, V. S., Picanço, A. B., Ribeiro-Brasil, D., & Montag, L. F. de A. (2020). O lado colorido da contaminação: as cores das partículas plásticas em peixes de riachos amazônicos. Revista Multidisciplinar De Educação E Meio Ambiente, 1(2), 68. Recuperado de https://editoraime.com.br/revistas/index.php/rema/article/view/487