A FORMA E O TAMANHO DOS RESÍDUOS PLÁSTICOS FAZEM A DIFERENÇA PARA OS PEIXES DE RIACHOS AMAZÔNICOS
Resumo
Introdução: Embora pouco estudadas em ambientes de água doce, as partículas plásticas também estão presentes nesses ambientes. A dinâmica de ingestão e aderência às brânquias, bem como formas e tamanhos, já foram documentadas em peixes naturais de sistemas de água doce, mostrando o risco de contaminação para as comunidades de peixes. Na Amazônia, por exemplo, já têm evidências que peixes oriundos de ambientes de água doce estão em contato com resíduos plásticos. Objetivo: Avaliar a frequência de diferentes tamanhos e formas de resíduos plásticos no trato digestivo e nas brânquias de peixes de riachos da Amazônia, brasileira. Material e métodos: Os peixes foram obtidos em sete riachos da microbacia Acará-Capim. Foram pesados e medidos, posteriormente tiveram trato digestivo e brânquias extraídos e digeridos em peróxido de hidrogênio. A análise de resíduos plásticos foi feita com o uso de microscópio estereoscópio (LEICA, aumento 120 x), adotando-se critérios de seleção e qualidade para as análises. Para testar as frequências, aplicamos testes t-Student: para avaliar o tamanho entre os órgãos (trato digestivo e brânquias) considerando as variações de tamanho, e para avaliar as formas entre os órgãos (não-paramétrico, teste U). Resultados: Nossas análises no trato gastrointestinal e brânquias dos peixes, concluiu que cada indivíduo tinha em média 4,6 partículas. Encontramos 224 partículas plásticas nos dois órgãos,97 no trato gastrointestinal e 127 nas brânquias. Em relação ao tamanho, encontramos nanoplástico (< 1 mm), microplástico (1,1 - 5,0 mm) e mesoplástico (> 5 mm – 25 mm). Os microplásticos (t = 2,7, df = 16,1, p = 0,01) e nanoplásticos (t = 2,2, df = 26, p = 0,04), ocorreram mais nas brânquias, devido ao tamanho da partícula, pois são facilmente levadas pela correnteza, deixando os peixes mais passíveis ao contato com a partícula, provavelmente, ligado ao comportamento do peixe no habitat, bem como, ao movimento opercular e da boca para realizar trocas gasosas (respiração). Quanto às formas, encontramos fibras e fragmentos, sendo a fibra o morfotipo mais abundante nas brânquias e ingeridas (teste U = 9,71; gl = 86,17; p < 0,0001). Fibras são as formas mais presentes nos ambientes, possivelmente devido ao despejo, nos corpos d’água, de lavagens de roupas e mais, ao tratamento inadequado dos efluentes domésticos. Conclusão: Nossos resultados evidenciaram que partículas menores são mais facilmente depositadas nas brânquias. Sobre o formato, as fibras parecem ser a forma mais abundante nos peixes de riachos de ambientes urbanos.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Multiprofissional de Educação e Meio Ambiente implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Multiprofissional de Educação e Meio Ambiente como o meio da publicação original. O conteúdo relatado e as opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.