NEURODEGENERAÇÃO CELULAR DA RETINA E NERVO ÓPTICO INDUZIDA PELA INFECÇÃO DO VÍRUS DA ZIKA: UMA ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E ULTRAESTRUTURAL
DOI:
https://doi.org/10.51161/rems/2640Palavras-chave:
NERVO ÓPTICO, NEURODEGENERAÇÃO, RETINA, ULTRAESTRUTURA, VÍRUS DA ZIKAResumo
Introdução: a Zika é uma arbovirose transmitida pelo Aedes aegypti e albopictus, comumente observada na África e no Sudeste Asiático, embora, com a epidemia brasileira de 2015, tenha sido constatada a transmissão congênita desse vírus através da placenta. Dentre as crianças de 19 a 24 meses de idade acompanhadas clinicamente, que não desenvolveram microcefalia, 41,7% apresentaram deficiências visuais leves a graves, devido ao aumento da pressão intraocular e a presença do vírus no nervo óptico durante a infecção. Objetivo: buscou-se estudar a patogenia da doença através de técnicas convencionais e avançadas de microscopia a fim de compreender a lesão induzida pela infecção do vírus da Zika. Materiais e métodos: utilizou-se dois modelos experimentais de infecção: camundongos C57/Bl6 de mães infectadas; camundongos A129 adultos, deficientes para o receptor de interferon do tipo 1-alfa/beta, susceptíveis a infecção pelo vírus da Zika. Após 12 semanas de vida, as proles do primeiro modelo e o modelo adulto foram eutanasiados conforme as recomendações do Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA/UFMG, protocolo n° 242/2016 e 217/2017), e as amostras dos olhos e do nervo óptico foram coletadas, a fim de avaliar a extensão da lesão tecidual e a neurodegeneração celular. Resultados: a histopatologia dos olhos dos camundongos A129 mostrou uma redução no número de células na camada ganglionar da retina dos animais infectados em relação aos controles. A imunomarcação por Iba-1, molécula de superfície celular indicativa de processo de microgliose, apresentou maior intensidade na retina dos animais infectados. A ultraestrutura do nervo óptico destes animais revelou axônios com aspecto irregular, alguns deles, contendo mitocôndrias com cristas desestruturadas, microtúbulos e neurofilamentos desorganizados, áreas de membrana celular com desprendimento da bainha de mielina e, formação de autofagossomos, característico de neurodegeneração celular. Este processo se deve em parte à atividade sintética e secretora de oligodendrócitos, células empenhadas na mielinização de axônios neuronais, classicamente conhecidos por liberarem glutamato, molécula responsável por mecanismos de excitotoxicidade neuronal. Conclusão: os resultados acima apontam para algumas das características celulares e subcelulares envolvidas na infecção ocasionada pelo vírus da Zika, contribuindo para um entendimento mais amplo da fisiopatologia da doença.
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