USO INDISCRIMINADO DE ANTIBIÓTICOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA, SELEÇÃO DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES E RISCO PARA A SAÚDE PÚBLICA – ESTUDO DE CASO
DOI:
https://doi.org/10.51161/rems/2381Palavras-chave:
ANTIBIÓTICO, CORYNEBACTERIUM UREALYTICUM, INFECÇÃO, RESISTÊNCIAResumo
Introdução. A resistência aos antibióticos em pets é crescente. Prescrições indevidas, utilizando medicamentos não indicados, em dosagem ou por tempo inadequado e automedicação são realidades comuns. Alguns trabalhos vêm monitorando a resistência microbiana em cães saudáveis ou doentes. Objetivo. Investigar e relatar o caso clínico de infecção urinária canina multirresistente por Corynebacterium urealyticum com consequente contaminação humana. Material e métodos. O cão contaminado era macho, castrado, de 1 ano. Fez uso de antibiótico apenas no pós cirúrgico da castração, com 2 meses e, com 1 ano, em uma cirurgia de grande porte. No último episódio, na internação foi administrada ceftriaxona e posterior amoxicilina com clavulanato. Ambos os medicamentos de amplo espectro foram utilizados por período inadequado, onde já apresentou sintomas de cistite. Em casa, uma semana após a retirada do último antibiótico, foi realizada ultrassonografia com cistocentese e iniciado o tratamento com enrofloxacino e posteriormente, com a manutenção dos sintomas, com doxiciclina até o resultado do teste de suceptibilidade a antibióticos (TSA). Além disso, foram coletadas amostras de esfregaço nasofaríngico de coabitantes humanos da casa desses animais. Resultados. Na urina do cão foi isolada Corynebacterium urealyticum, bactéria de prevalência baixa, normalmente restrita a infecções em humanos imunocomprometidos. Recentemente foi relatado em cães e gatos domésticos. A cistite era necro-hemorrágica crônica difusa grave, com demasiados depósitos, obstruções e hidronefrose. O TSA indicou resistência a ampicilina, ciprofloxacina, clindamicina, doxiciclina, enrofloxacina, eritromicina, gentamicina, levofloxacina, marbofloxacina, norfloxacina, penicilina, rifampicina, tetraciclina e sensibilidade apenas à vancomicina, amicacina e linezolida. O tratamento clínico com amicacina não foi eficaz, havendo piora do paciente, necessitando de intervenção cirúrgica, onde se verificou ruptura vesical e peritonite. Posterior, o tratamento com vancomicina foi eficiente. Além disso, a bactéria encontrada no animal, com os mesmos padrões de resistência, também contaminava um dos humanos da residência, assintomática. Conclusão. O caso clínico exemplifica um grave caso de resistência antimicrobiana e que o risco do uso indiscriminado de antibióticos na veterinária é também para a saúde pública.
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