OS QUINTAIS DA MINHA RUA: ESTUDO ETNOBOTÂNICO NO BAIRRO BRIGADEIRO EDUARDO GOMES EM PORTO NACIONAL-TO
Palavras-chave:
etnobiologia, plantas medicinais, resgate histórico, tradicional, CerradoResumo
Introdução: Os relatos acerca da existência humana referenciam fortes ligações cotidianas entre o homem e as plantas que os cercavam, expressando sua importância não apenas para o meio ambiente, mas para manutenção da vida e sobrevivência da humanidade. O hábito de cultivar plantas nos quintais ainda é preservado por muitas famílias tradicionais, sendo que o saber empírico desses indivíduos oferece uma diversidade de conhecimento que, ao ser descoberto, pode proporcionar um vasto acervo cultural. Objetivo: O objetivo desse trabalho foi conhecer a relação etnobotânica de um grupo de moradores do bairro Brigadeiro Eduardo Gomes, em Porto Nacional-TO, através das plantas presentes em seus quintais e do resgate histórico de vida dos mesmos na localidade. Materiais e métodos: Para identificação dos entrevistados, coleta dos dados botânicos e históricos, utilizou-se o método de conversa informal, entrevista semiestruturada, história oral e técnica de amostragem bola de neve. Resultado e discussão: A idade média entre os entrevistados foi de 73 anos para os homens e 67 anos para as mulheres, destacadas como as principais responsáveis pelo cultivo e utilização das plantas. Quanto à escolaridade, 50% dos homens não foram alfabetizados e os outros estudaram até no máximo a 4ª série do ensino fundamental, enquanto que 75% das mulheres estudaram até no máximo a 3ª série do ensino fundamental e apenas 25% concluíram o nível superior. Os quintais são bastante diversificados, cada morador cultiva em média 24,5 plantas, somando 63 diferentes espécies. Foram contabilizadas 40 famílias botânicas, estando Lamiaceae, Rutaceae e Solanaceae classificadas como as mais diversas. O hábito de vida predominante é o herbáceo e as categorias de usos mais frequentes foram a medicinal 29%, alimentar 27% e 25% ornamental. As folhas foram às partes mais utilizadas para preparo dos remédios e a infusão a forma de preparo mais citada para as plantas medicinais. Conclusão: A riqueza botânica associada à riqueza histórica destacadas em estudos como esse muito contribui para a conservação biológica das espécies e perpetuação desses conhecimentos tradicionais para outras gerações, ampliando, assim, o acervo etnobotânico brasileiro.
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