BIOGEOGRAFIA URBANA APLICADA AO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM ÁREA DESMATADA DE CAATINGA PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, PAULO AFONSO – BAHIA (BRASIL)
Resumo
Introdução: A Biogeografia Urbana é uma linha de pesquisa que estuda a ação antrópica na paisagem natural e o resultado destas interações na transformação crescente da biosfera. Objetivo: Descrever elementos biogeográficos presentes em uma área desmatada para urbanização dentro do Domínio Morfoclimático da Caatinga às margens do rio São Francisco e observar como os processos de dispersão (re)colonizam esta grande superfície degradada. Material e métodos: O estudo ocorreu no condomínio residencial Brisas do Lago, no bairro de Moxotó, Paulo Afonso, Bahia (Brasil). Estruturalmente dispõe de 200 apartamentos, sendo 100 habitados, 25 Blocos com 3 ruas de pavimento e grama. Sua implementação ocasionou, a partir de 2016, a supressão vegetativa de 31.685,40 m2 de área da Caatinga para ocupação urbana, iniciada em janeiro de 2019. Em fevereiro/2020 foram feitas visitas de campo no referido condomínio para registro fotográfico e descrição dos elementos da flora e da fauna, identificando-se as espécies presentes. Resultados: após um ano de inauguração do condomínio, espécies vegetais e animais, nem sempre nativas do bioma, começaram a colonizar a área. A fitofisionomia ficou dividida em dois ambientes: uma área interna urbanizada e um pequeno ambiente de praia com resquícios de Restinga. No primeiro, a vegetação é influenciada pelo paisagismo ordinário, sendo as famílias botânicas Poaceae, Arecaceae e Pinaceae mais constantes, representadas massivamente por gramíneas (Zoysia matrella (L.) Merr.), palmeiras (Archontophoenix cunninghamiana (H.Wendl.) H.Wendl. & Drude) e pinheiros (Pinus L.). No segundo, a vegetação herbáceo-arbustiva rasteira nativa está adaptada às condições de Restinga salinizada e arenosa, tais como Ipomoea (Convolvulaceae) e as macrófitas aquáticas Eichhornia crassipes (Mart.) Solms (Pontederiaceae). Quanto à fauna local, foram registrados animais que habitam a Caatinga e outros ecossistemas, distribuídos entre aves, anfíbios, répteis e insetos. Assim, registramos espécies como monjita branco (Xolmis irupero), gavião caramujero (Rostrhamus sociabilis), coruja buraqueira (Athene cunicularia), garças brancas (Ardeidae); sapo cururu (Rhinella marina); jacaré (Alligatoridae) e lagartixa anã da caatinga (Lygodactylus klugei). Conclusão: O método de paisagismo usado instala uma vegetação pouco diversa e exótica, modificando a fitofisionomia nativa, alterando nichos ecológicos e interrompendo cadeias tróficas em detrimento da plasticidade. Estima-se que a (re)colonização das espécies (flora e fauna) no condomínio seja um indicativo da regeneração natural na paisagem urbana. Inferindo que a dispersão dos animais sobretudo pela avifauna auxilie, gradativamente, nessa recomposição natural, como já vem ocorrendo na área da prainha, externa ao condomínio.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Multiprofissional de Educação e Meio Ambiente implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Multiprofissional de Educação e Meio Ambiente como o meio da publicação original. O conteúdo relatado e as opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.