ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DA DIETA, GUILDA TRÓFICA E AMPLITUDE DE NICHO TRÓFICO DE METYNNIS LIPPINCOTTIANUS (CHARACIFORMES, SERRASALMIDAE) ASSOCIADO A PISCICULTURA EM TANQUES-REDE
DOI:
https://doi.org/10.51189/rema/1275Palavras-chave:
ASPECTOS ALIMENTARES, ESPÉCIE NÃO-NATIVA, ESPÉCIE SILVESTRE, PACU-CDResumo
Introdução: Associado a implementação de pisciculturas em tanques-rede, um input de matéria orgânica ocorre no ambiente aquático adjacente, influenciando a biota local, em especial a alimentação de peixes silvestres. Objetivo: Avaliar a influência desse modelo de cultivo sobre a composição alimentar, guilda trófica e amplitude de nicho trófico de Metynnis lippincottianus, espécie abundante no reservatório de Ilha Solteira, SP. Materiais e Métodos: Foram realizadas coletas em duas áreas amostrais (controle e tanque) em 2019. Vinte dois conteúdos estomacais na área tanque e 17 na área controle, foram quantificados por meio do método volumétrico. Resultados: Diferenças na dieta entre as áreas foram observadas (PERMANOVA, p<0,001). Macrófitas (20,4%), algas Cladophoraceae (20,3%) e Elodea sp. (17,7%), foram os principais itens consumidos na área controle, enquanto ração (46,7%) e Elodea sp. (23,4%) na área tanque. Os itens que mais contribuíram para diferença entre as áreas foram ração, Elodea sp., macrófita e as algas Ulthricaceae e Rhodophiceae (SIMPER). Na área controle, como os itens predominantes foram algas (48,2%) e macrófitas (41,4%), a espécie foi classificada como herbivora, enquanto na área tanque, observou-se tendência a herbivoria (24,7% alga e 23% macrófita), mas a maior predominância é de ração. A mediana da amplitude de nicho trófico (PERMDISP, p<0,001) também diferiu entre as áreas (tanque, 0,51; controle, 0,64), sendo menor na área tanque. Conclusão: Observou-se alterações na composição da dieta, com consequentes, mudanças na guilda trófica e amplitude de nicho trófico. Metynnis lippincottianus passou a consumir ração na área tanque, reduzindo assim o consumo da variedade de vegetais aquáticos, corroborando com a contração do nicho trófico. Por se tratar de um consumidor primário, a mudança na alimentação da espécie pode interferir na dinâmica da comunidade da biota aquática local e na ciclagem de nutrientes. Ainda, foi observada a presença de fragmentos de plásticos no estômago de alguns indivíduos. Tais resultados demonstram a influência negativa de atividades antrópicas sobre a ictiofauna local, ressaltando a importância de estudos sobre a ecologia trófica de espécies silvestres que forrageiam o entorno de tanques de cultivo.
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