COMPORTAMENTO DE PSITACÍDEOS MANTIDOS EM CATIVEIRO: UMA OBSERVAÇÃO PRELIMINAR

Resumo

Introdução: A preocupação com o bem-estar de aves mantidas em cativeiro vem crescendo no meio científico. As pesquisas etológicas com psitacídeos cativos buscam relatar as mudanças comportamentais desses animais fora de seu ambiente natural, identificando possíveis anormalidades que possam ser corrigidas a fim de contribuir com o desenvolvimento de ambientes melhorados e com a promoção de saúde e bem-estar à essas aves. Objetivo: Este trabalho buscou realizar uma observação preliminar do comportamento de um casal de N. hollandicus mantidos em cativeiro doméstico. Material e Métodos: A metodologia utilizada foi a do animal-focal e de registro contínuo, obtendo a duração dos estados comportamentais avaliados, quais sejam: alimentação, descanso, eliminatório, ingestão de água, movimentação, manutenção, social e vocalização. Utilizou-se um etograma adaptado às condições do experimento. Um esforço amostral total de 12 horas de observação foi atingido ao longo de dois dias, distribuído nos períodos da manhã, tarde e anoitecer. Resultados: Os dados finais foram relativos à média de duração dos comportamentos de ambas aves para o período observado. Obteve-se os resultados de descanso (37%), alimentação (26%), vocalização (12%), movimentação (11%), manutenção (8%), social (4%), ingestão de água (1%) e eliminatório (1%). A literatura relata resultados semelhantes, sugerindo que: a falta de estímulos no cativeiro tende a deixar as aves ociosas, passando a maior parte do tempo inativas; reproduzem com maior frequência os comportamentos alimentares como forma de distração quando estão entediadas e vocalizam em busca de interação; a pouca movimentação pode estar relacionada a falta de possibilidades de exploração do meio não enriquecido; a manutenção das penas, hidratação e eliminatório não pareceram indicar anormalidade; a interação social foi pouco manifestada, embora os psitacídeos sejam indivíduos muito sociáveis. Conclusão: Os resultados sugerem que as aves estejam em uma condição de ociosidade, uma vez que apenas os comportamentos de  descanso e alimentação somaram mais da metade do período observado (63%). Análises mais detalhadas são necessárias para avaliar a pouca interação social e compreender a ocorrência de estresse, embora tenha ficado evidente a necessidade de um ambiente melhorado que ofereça possibilidades de ocupação dessas aves e a manifestação de comportamentos relativos ao bem-estar.