CUSTO ENERGÉTICO DA RESPOSTA IMUNE EM Glossophaga soricina
Resumo
Introdução: A Resposta de Fase Aguda (RFA) é a primeira linha de defesa do sistema imune nos vertebrados. Estudos demonstram que o custo energético da RFA em aves é maior do que em roedores. Entretanto, o grande aumento na taxa metabólica de repouso (TMR) do morcego piscívoro Myotis vivesi após a ativação da RFA, sugere que a mesma seja particularmente custosa em morcegos. Objetivo: Quantificar e descrever a magnitude do custo energético associado à ativação da RFA no morcego nectarívoro Glossophaga soricina. Material e métodos: Cada morcego participou de um tratamento: endotoxina (LPS) ou controle (PBS). Os indivíduos em estado pós-absortivo foram pesados (Mi-massa inicial) e mantidos em um respirômetro por duas horas, posteriormente foram injetados (LPS/PBS) dando continuidade à medição do consumo de oxigênio por mais 8 horas. A massa corpórea final (Mf) foi aferida novamente ao término do experimento. Resultados: A Mi de G. soricina não variou entre os tratamentos (t11=0.63,p=0.54), ao contrário do observado na Mf (t11=2.92,p=0.03). Morcegos injetados com LPS perderam mais massa do que morcegos injetados com PBS, em termos absolutos (PBS:-00.6±0.11 g, LPS:-1.15±0.14 g; t11 = 3.05, p=0.01) e relativos (PBS:-0.06±0.01, LPS:-0.11±0.01; t11=3.70,p=0.004). Não observamos variação na TMR pré-injeção entre tratamentos (PBS:0.031±0.005kJh-1g-1; LPS:0.036±0.005kJh-1g-1; F1;23=0.14, p=0.71). Entretanto, a TMR pós-injeção variou significativamente em função do tempo (F7,103=11.7,p<0.01) e tratamento (F1,103=4.4,p=0.05). A interação das variáveis foi significativa (F7,103= 9.6, p< 0.001), com o aumento em LPS sendo maior do que em PBS apenas durante quatro horas imediatamente após a injeção. O custo energético estimado para os morcegos injetados com LPS (0.08±0.02kJg-1; 0.73±0.17kJ) foi diferente de zero (t6=3.4,p=0.01) ao contrário do observado no grupo injetado com PBS (-0.01±0.02 kJg-1; -0.13±0.08kJ) durante o mesmo período de tempo (t5=0.5; p=0.62). Conclusão: O aumento da TMR de G. soricina foi um terço do observado em M. vivesi, porém significativamente maior ao observado em roedores de laboratório, e semelhante ao reportado em aves. Nossa pesquisa sugere que o custo metabólico da RFA varia entre espécies de morcegos, possivelmente em relação a fatores ecológicos, como por exemplo a dieta.
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